domingo, 15 de novembro de 2009

POESIA - CERTO SERTÃO - Alberto da Cunha Melo

Alberto da Cunha Melo


(Para José Luiz de Melo)



Quando a chuva vier, verás repletos

os buracos que tens na tua mão,

e só assim não mais os teus insetos

se enforcam nas roseiras do sertão.

Esconde no teu corpo os indiscretos,

os caprinos anelos de evasão:

quando a chuva vier, verás quieto

se inúteis todos eles na estação.

Limpa dos homens, da semente, a cova

que um deus menor cavou disposta em cruz,

e aproveita da terra, à lua nova,

seus olhinhos de mato, seus umbus:

- que não demora o espaço que renova

seu orvalho, seu Pan, seus urubus.




Esse poema, sob a forma de soneto e ainda inédito, foi por Alberto da Cunha Melo dedicado ao nosso companheiro e amigo comum do jornal “Dia Virá”, e hoje médico José Luis de Melo.

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