quarta-feira, 17 de junho de 2009

ENTREVISTAS - Francisco Dandão entrevista PEDRO VICENTE COSTA SOBRINHO


Pedro Vicente Costa Sobrinho, o entrevistado, foi professor das Universidades Federais do Acre e do Rio Grande do Norte. Pós-Graduado em Economia Rural, Mestre em Ciências Sociais e Doutor em Comunicação pela USP. É membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da União Brasileira de Escritores. Dirigiu Editoras, inclusive as Editoras da Universidade Federal do RN e a Manimbu da Fundação José Augusto, Livrarias e Jornais. Presidiu a Federação Norte-Nordeste de Cine-clubes e a Associação dos Sociólogos do RN e foi vice-presidente da Associação de Docentes da UFAC. É Autor dos livros: Capital e trabalho na Amazônia Ocidental; Reflexões sobre a desintegração do comunismo soviético; Exercícios circunstanciais; Outras circunstâncias; Comunicação alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental; Vozes do Nordeste, entre outros.


1. Eu gostaria de iniciar essa conversa fazendo um “exercício circunstancial”. Gostaria que você falasse da sua trajetória profissional, que fez você sair do Nordeste, em plenos anos de chumbo da história do Brasil, e o trouxe até o Acre. O que você deixou num lugar e o que você encontrou no outro, essas coisas...

Minha vida profissional, como a de muitos nordestinados, iniciou-se muito cedo. Dos dez aos dezessete anos fiz de tudo um pouco pra dar minha quota de contribuição aos reduzidos ganhos de minha família. Fui vendedor de sorte no jogo de bicho, balconista e ambulante nas feiras da cidade de Ribeirão, cidade da mata sul de Pernambuco, e suas usinas. Na cidade de Jaboatão, ainda em Pernambuco, comecei meu engajamento na política, tornando-me líder sindical e profissional do Partido Comunista Brasileiro. O golpe militar de abril de 1964 levou-me a sair de Pernambuco e exilar-me em Natal, capital do meu estado de origem. Aí tudo voltou a começar. Fui vigilante, revisor de jornal, exerci vários cargos de direção na Imprensa Oficial do Estado, dirigi gráficas particulares, editoras e também prestei assessorias na área de cultura. Logo que terminei o curso de Ciências Sociais, eu fui contratado como técnico do Instituto de Desenvolvimento Econômico do RN. Em verdade, o meu sonho era fazer carreira acadêmica numa universidade pública. No Nordeste, as Assessorias de informações, as tais ASI que funcionavam junto as Reitorias das Universidades tinham os olhos bem abertos e vetavam a entrada a qualquer suspeito de atividades contra o regime militar. No meu caso era notório o meu envolvimento político contra a ditadura: fundador do MDB local, presidente do Diretório Acadêmico Josué de Castro, vice-presidente do Cine-clube Tirol, presidente da Federação Norte-Nordeste de Cine-clubes, presidente da Associação dos Sociólogos do RN, algumas prisões e visitas por convite compulsório à Delegacia da Polícia Federal. Com esse recheado dossiê eu não poderia acalentar nenhuma esperança de me tornar professor universitário no Nordeste. Em 1978, eu fui convidado pelo meu grande amigo, já falecido, o sociólogo Jaime Ariston, para assumir a Gerência de Bem Estar do SESC no Acre. Jaime estava no Acre desde 1977, exercendo o cargo de Delegado Executivo das Delegacias do SESC e do SENAC. Minha conversa com Jaime foi muito franca, só aceitaria o convite se houvesse alguma chance de me tornar professor na UFAC. Jaime me assegurou que havia uma carência local muito grande de pessoal qualificado e que na área das Ciências Sociais a coisa estava aberta. E que também falaria a respeito do meu caso com o reitor, na época professor Áulio Gélio. Assim veio a acontecer, pois um mês após a minha chegada em Rio Branco, precisamente em maio, eu fui admitido como professor colaborador no Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UFAC. E nela tive a oportunidade de iniciar a sonhada carreira acadêmica, e lecionar por pouco mais de 14 anos. A UFAC foi fundamental em minha vida intelectual. Chefiei Departamento, participei de seus órgãos colegiados, e de uma coisa eu faço questão de realçar: com o apoio do professor Mâncio Cordeiro Lima, eu fui o criador dos Cadernos UFAC, que deu origem à Coordenadoria de Divulgação Científica e que evoluiu naturalmente para a atual Editora Universitária. Além disso, eu exerci o cargo de vice-presidente da Associação de Docentes (ADUFAC).
Quanto à parte final de sua pergunta, asseguro-lhe que a minha relativamente curta permanência no Acre marcou definitivamente a minha trajetória de vida social, política e intelectual. Logo que aqui cheguei, envolvi-me na luta política ao lado da oposição mais conseqüente ao regime militar e participei da fundação da Frente Popular do Acre em 1978, Como diretor do SESC e do SENAC, eu incentivei o movimento cultural: teatro, cinema, música etc., apoiando as iniciativas dos grupos comunitários e artísticos. Envolvi-me pessoalmente com a Comissão Pró-Indio e o Movimento de Defesa do Meio Ambiente. Participei de várias frentes de luta contra a ocupação predatória do espaço acriano. Ajudei a fundar alguns partidos de esquerda no Acre, entre eles o PDT, o PCB e o PPS. Fui candidato a prefeito de Rio Branco e a suplente de senador. Além disso, eu tive a honra de integrar o grupo inicial que contribuiu para eleição do PT, com Jorge Viana, à prefeitura de Rio Branco. E mais, eu fui dono de bar e restaurante, e também da Livraria Casarão. A minha produção intelectual está prenhe de motivos acrianos; dois dos meus livros publicados falam exclusivamente do Acre, e dois ainda inéditos também têm ele como assunto, sem mencionar os artigos e entrevistas que fiz sobre e com personagens marcantes da história acriana, entre eles destaco as entrevistas com Chico Mendes e o pintor Hélio Melo. Quando saí do Acre, em 1992, eu estava casado com uma acriana e levei comigo uma filha também acriana. Deixei aqui uma geração de jovens, que ajudei a formar como professor na UFAC e através dos vários cursos que ministrei para os movimentos sociais e sindicais orientados pela sublime Igreja Católica acriana. Esses muitos jovens se engajaram na luta por mudanças sociais e políticas contra os partidos da ordem: ARENA, PDS, PFL e PMDB. A eleição de Jorge Viana, como eu já falei, foi o marco inicial da grande virada. Meu caro Dandão, se você tiver a oportunidade a ler o relatório dos órgãos de segurança a meu respeito durante os anos da ditadura militar, você certamente terá com fartura informações de como a Polícia Federal e os agentes locais do SNI cuidavam de minha vida.

Ao voltar ao Rio Grande do Norte não tive nenhuma dificuldade de readaptação. O meu envolvimento na vida política e cultural da cidade de Natal, apesar do distanciamento de 15 anos, ainda estava bastante vivo. Grande parte de minha geração estava na universidade, nos jornais, em órgãos culturais e na política. Cabe realçar que eu estava voltando para me integrar de certo modo em um lócus privilegiado, ou seja, a UFRN, e mais ainda, no Departamento de Ciências Sociais. Cabe mencionar também que naquele momento uma aliança de esquerda (PSB, PDT, PCdoB e PCB) havia ganho as eleições, com Aldo Tinoco, para Prefeitura de Natal, derrotando as oligarquias Alves, com o filho amado Henrique Eduardo Alves, e Maia, do Agripino, que estranhamente havia apoiado a “mana”, uma filha rebelde do patriarca Aluisio Alves. Por indicação de amigos eu fui escolhido para participar da equipe de transição, e logo guindado para assumir a chefia de gabinete da Secretaria de Administração e Planejamento, coisa da qual desisti antes da nomeação oficial.

2. E depois da sua estada no Acre, fale da volta para o Nordeste... O que é que ainda estava no lugar que você deixou e o que é que não existia mais...

Ao responder sua pergunta anterior adiantei algumas questões, mas ainda resta muita coisa pra ser dita, e portanto vamos esclarecer algumas delas. Eu fiquei no Acre durante quase 15 anos, no entanto, apesar da distância, nunca me desliguei do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. De Natal pelos amigos e parentes, e também pelos anos de envolvimento na vida política, cultural e como militante de esquerda de oposição a ditadura militar: no PCB na clandestinidade, e no MDB na fachada legal. A vida intelectual da cidade eu fazia questão de na distância acompanhar através de jornais. Quando lá voltava todos os anos, encontrava-me com escritores, artistas plásticos, pessoal de teatro, músicos, jornalistas e professores da UFRN. Natal, do ponto de vista urbanístico havia mudado muito. A cidade crescera muito e com o inchaço urbano também os problemas haviam se avolumado. Na vida cultural da cidade havia desaparecido o movimento cineclubista; muitos cinemas tinham sido fechados, só restavam praticamente duas salas precárias de projeção. As salas de teatro eram as mesmas. O meu olhar um tanto passadista levava a crer que a vida cultural da cidade havia encolhido. Em Pernambuco, por sua vez, minha ligação sempre foi com minha família, e na vida cultural com muitos dos intelectuais que integraram a geração 65. Na minha volta senti a cidade decadente, envelhecida e suja. Recife, no entanto, nunca deixou de ser minha referência intelectual e política, pois lá comecei tudo aquilo que no perpassar dos anos de vivência em cidades diferentes: Natal, Moscou, São Paulo, Rio Branco etc., procurei consolidar.

3. Sobre questões políticas, Pedro... Você, durante muito tempo foi integrante do Partido Comunista Brasileiro... Conte como é que foi isso, que riscos você correu, onde foram parar os sonhos dessa época...

O Partido Comunista Brasileiro foi a minha grande escola de vida: intelectual, ética e política. Nele aprendi muita coisa e fiz grandes amizades que duram até hoje. Liguei-me ao PCB em 1963, por minha própria iniciativa, isto é, não fui um recrutado. Eu estava à época envolvido na tentativa de organizar com alguns companheiros comerciários de Jaboatão o sindicato da categoria. O apoio mais efetivo que recebemos foi do Sindicato dos Ferroviários, e lá fiz os primeiros contatos com militantes do PCB. Nas eleições municipais de Jaboatão os comunistas concorreram com candidatos a prefeito e vereadores. Engajei-me no processo eleitoral e daí eu passei da admiração e respeito pelas suas bandeiras de lutas à militância política, passando desde então a integrar o quadro de filiados ao PCB.
Em Pernambuco eu fui profissional do partido e participei da organização de suas bases no movimento rural, estudantil e operário de Jaboatão. No ano de 1964, a Direção Estadual do PCB, através de David Capistrano, convidou-me para ir a URSS com a finalidade de realizar curso de capacitação política. Recusei-me a ir sob a alegação de que me encontrava muito envolvido no trabalho de organização e não podia largar isso de uma hora para outra. Meses depois veio o golpe militar de 64 e então eu fui compelido a ir para clandestinidade, pois a polícia e o exército queriam a minha prisão. Não havendo condições de permanecer em Recife eu fui obrigado a fugir para Natal.
Em Natal, eu refiz os contatos com a direção do PCB, através do seu líder local o médico Vulpiano Cavalcante, e voltei a atuar na política de modo organizado, ajudando na tarefa de reorganização do partido no estado. Participei de sua direção estadual, e em 1967, por indicação do CC do PCB, eu fui escolhido para ir a Moscou para fazer o curso de formação de quadros no Instituto de Ciências Sociais, anexo do Comitê Central do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas da União Soviética. Lá permaneci por pouco mais de um ano. No ano de 1968, eu voltei ao Brasil nas vésperas da edição do AI-5, e do início de governo do ditador Médice, período de maior repressão da ditadura militar. No Rio Grande do Norte, eu continuei a militar na clandestinidade no PCB e em aberto no MDB. O movimento cultural foi o espaço mais adequado para o exercício aberto da resistência política nos anos de chumbo, pois o MDB local passou a ser controlado pelos Alves e seus seguidores, e tornou-se uma oposição bem comportada e tímida, com atuação meramente eleitoral. Só a partir de 1978, quando os Alves abertamente apoiaram candidatos da ARENA, o MDB esboçou uma esporádica reação oposicionista. Ainda bem que na década de 1980 surgiram o PT e outros partidos de esquerda, e o cenário político pouco a pouco foi se alterando. O velho PCB local virou adesista e subalterno à política de aliança com o PMDB e governos, vindo a perder sua representatividade por falta de iniciativa e pouca vergonha dos seus dirigentes. A mudança para PPS decretou sua quase extinção política no Rio Grande do Norte. O PPS, seu autodenominado herdeiro, por sua vez, não tem vida política nem cultural, e está hoje subordinado a um político de origem no PMDB, que vive de negócios com a legenda por troca de cargos no governo.
Eu fiz esse curto hiato como forma de desabafar a minha frustração com a política da esquerda no Rio Grande do Norte, inclusive com o PT. No ano de 1980, com mais dois amigos do Rio Grande do Norte, Juliano Siqueira e Pretestato, este último recentemente faleceu em Natal, fomos nos encontrar com Luis Carlos Prestes, que havia voltado do exílio e estava morando na Rua Rainha Elisabeth, num apartamento cedido pelo arquiteto Oscar Niemayer. Também nos acompanhava na visita Thomé Mestrinho, filho de Gilberto Mestrinho que governou o estado do Amazonas. Na visita, Prestes só falou, um monólogo que tinha como tema a degradação dos seus velhos companheiros do PCB que haviam traído a revolução e se transformaram em vassalos da classe dominante. Não me convenci naquele instante do que dizia o velho, mas agora acho que ele tinha uma certa razão, apesar do muito ressentimento que estava obviamente contido em sua avaliação. No mesmo ano, procurei os companheiros comunistas de São Paulo, na sede do jornal Voz da Unidade. Conversei com Salomão Malina e me dispus a distribuir o jornal e reorganizar o PCB no Acre. Não consegui fazer muita coisa no que diz respeito à tarefa de reorganização, pois as minhas obrigações no SESC, SENAC e UFAC me tomavam todo o tempo.

Em 1984, quando eu estava em São Paulo cursando o mestrado na PUC, passei a militar numa OB do partido no bairro de Perdizes. Pouco tempo depois, juntamente com José Paulo Netto, Antonio Roberto Bertelli, José Segatto, Celso Frederico, Raul Mateos Castell e outros participamos da fundação do Instituto Astrojildo Pereira, e também da Revista Novos Rumos, da qual até hoje faço parte do Conselho Editorial. Com a volta do país à legalidade democrática, eu assinei o manifesto de refundação do PCB (1985), e, logo depois, eu estava de volta a Rio Branco para instalar oficialmente o Diretório Estadual do PCB no Acre. Ainda no ano de 1985, salvo engano, a direção do PCB propôs juntamente com o PDT a formação de uma aliança de esquerda (PT, PCB e PDT) para disputar a prefeitura de Rio Branco. Os candidatos do PT encabeçariam a chapa de prefeito e vice-prefeito. Por intransigência e certa burrice política de certos bolsões do PT a primeira tentativa de formação de uma frente de esquerda para enfrentar a direita acriana fracassou. Nessas circunstâncias, eu fui obrigado a bancar o Quixote e, sem nenhuma chance, vir a ser pelo PCB o candidato ao cargo de prefeito de Rio Branco. No PCB eu também pertenci ao quadro de sócios do Instituto Roberto Morena e ainda fui eleito para o seu Diretório Nacional. Com a mudança da sigla do PCB para PPS, eu arrumei as malas e me despedi da vida partidária. O PT, naturalmente, seria minha opção de partido se no Acre tivesse permanecido. Cabe lembrar que na eleição em que Jorge Viana foi eleito prefeito de Rio Branco, eu já não mais pertencia de fato aos quadros do PPS.

Dandão, a queda do muro de Berlim e a desintegração do comunismo soviético deixaram-me atônito, órfão e desenraizado. Tudo aquilo em que eu acreditava fora pras nuvens. Já como docente na Universidade Federal do Rio Grande do Norte eu tive a iniciativa de organizar e coordenar seminário com o tema “A Crise do Socialismo”. Dele participaram intelectuais de reconhecido mérito acadêmico, entre eles destaco Leôncio Martins Rodrigues, Celso Frederico, Rubens Pinto Lyra e Oleg Tsukânov. Este último, de origem russa, havia sido meu professor de economia política em Moscou. Em livro que organizei para editora Alfa-Omega, eu reuni os textos que foram apresentados durante o referido seminário. Mas, apesar de todo o fracasso do socialismo real, eu continuo a fazer profissão de fé no socialismo, pois o capitalismo até agora não deu nenhuma resposta satisfatória aos grandes problemas da humanidade. E, portanto, eu concordo integralmente com as palavras do grande filósofo italiano Norberto Bobbio: “O comunismo histórico fracassou, não nego. Mas os problemas permanecem; os mesmos problemas para os quais a utopia comunista chamou a atenção, e que garantiu serem solucionáveis.”



4. E ainda a respeito de política, eu gostaria que você falasse do Brasil que sobreveio da ditadura militar e se você acha que tudo poderia ser diferente, caso esse episódio da história brasileira não houvesse acontecido.

A transição da ditadura militar para a democracia foi um baita fracasso no Brasil. O governo militar já nos seus estertores conseguiu implementar seu projeto de transição “lenta, gradual e segura”. Protegeu e anistiou torturadores contumazes, inventou a Lei Fleury, a lei de imprensa e outros penduricalhos antidemocráticos que foram deixados de lado e permaneceram, pasme, pela tal constituição cidadã. O país continuou azarado, falece um estadista e um político dos confins do Nordeste, reconhecidamente demagogo, conservador e patriarca de uma das oligarquias mais atrasadas e excludentes do país, assumiu com toda pompa a presidência da República. O Brasil que emerge das águas da ditadura estava trôpego e vesgo. As esquerdas, por oportunismo, abandonaram as bandeiras de liberdade e autonomia sindical, e a velha estrutura sindical legada pelo estado novo getulista foi em grande parte poupada. Os parlamentares continuaram protegendo seus crimes através do sacro estatuto da imunidade parlamentar. A corrupção grassou, com a certeza da impunidade para os ricos e privilegiados. A desigualdade de direitos entre brasileiros, por sua vez, é regulada em Lei. Note bem, eu dou como exemplo o sistema penitenciário brasileiro que é um dos mais escrotos do mundo. As cadeias públicas e prisões são superlotadas e os presos recebem um tratamento que está longe de ser digno da lei de proteção aos animais, tome-se os zoológicos como exemplo. Só os pobres recebem esse tratamento, pois os ricos, portadores de diploma de curso superior, parlamentares, membros de tribunais e outros espertos têm direito à prisão especial. Enquanto persistir esse absurdo não vai haver melhoria no sistema penitenciário brasileiro, pois cadeia é para pobre. Além disso, os ricos e espertos através de manobras e chicanas jurídicas conseguem burlar a lei e se manterem impunes. Dandão, as nossas leis de trânsito são uma gracinha de desfaçatez. Se você quiser se livrar de um seu desafeto é só ter paciência de esperar e, num descuido do dito cujo, passar o carro por cima dele. As pessoas atropelam nas ruas do país crianças, velhos, homens e mulheres a torto e a direita, e nada acontece. Quando um cara vai ao tribunal por ter cometido crime no trânsito, pela raridade do fato, os meios de comunicação noticiam em cadeia nacional por ser coisa pra lá de insólita.
O regime militar de certo modo pode até haver interrompido o nosso desenvolvimento natural em direção à democracia. Mas não tenho bola de cristal, não sou advinho, bruxo ou astrólogo para me meter a fazer simulações ou exercício de futurologia. Que o regime militar foi uma excrescência não tenho dúvida. Corrupto, basta pesquisar a imprensa da época, que mesmo sob censura permanente não deixava de noticiar os muitos casos. Repressor, praticante de torturas e de crimes, mas quem não sabe disso. Se a coisa seguisse o seu curso natural sem o golpe de 1964, não se pode especular, pois invés de uma democracia nós poderíamos ter enveredado pelo caminho do populismo janguista ou brizolista, e até para o pior: uma ditadura comunista à moda antiga. Hoje eu sou pessimista e cético e não creio que vá acontecer nada de bom nesse país no futuro próximo, apesar dos inflamados discursos e declarações bombásticas enaltecendo a democracia e a construção da cidadania.

5. Cinema. Você pertence a uma geração de cineclubista. Conte essa história, explique essa sua experiência com a sétima arte.

O cinema se fez presente em minha infância desde os cinco anos. Eu fui freqüentador assíduo de matinês, levado por uma tia que adorava ver filmes e seriados de caubóis. Nas salas do cinema Samuel Campelo de Jaboatão e Cine Arte de Ribeirão em Pernambuco, eu vibrava com os duelos a socos entre o mocinho (Durango Kid, Alan Lane, Roy Rogers, Gene Autry, Hopolang Cassidy etc.) e o bandido João Branco; que logo depois vim a descobrir que se tratava do ator Roy Barcroft, pois o dito João Branco era na verdade o autor das legendas do filme em português. Ao completar sete anos e alfabetizado passei a assistir sessões dominicais noturnas. Afirmei numa entrevista ao escritor Francisco Sobreira que o cinema, sem exagerar, foi responsável pela minha formação intelectual. A partir dele fui levado aos quadrinhos e às fotonovelas; depois ao romance de aventuras e ao conto infantil; a grande literatura, por sua vez, foi uma conseqüência natural. O meu envolvimento com o movimento cineclubista começou em Natal no ano de 1965 quando me associei ao Cineclube Tirol, que à época promovia todos os domingos sessões de cinema com exibição de filmes considerados de arte. Nas reuniões semanais do cineclube sempre era reservado um tempo para discussão dos filmes que haviam sido exibidos. A biblioteca do cineclube era muito boa, e dispunha em seu acervo de obras essenciais sobre a história e estética cinematográficas. De modo organizado as leituras sobre cinema começaram a partir de minha convivência no cineclubismo. Fiz parte também do corpo de associados do Foto Cineclube de Natal, que reunia fotógrafos e pessoas interessadas em cinema e principalmente em fotografia. Na década de 1970, o movimento cineclubista voltou a se reorganizar nacionalmente. Durante a Jornada Brasileira de Curta-metragem da Bahia, reorganizou-se a Federação Norte-Nordeste de Cineclubes e eu fui eleito seu presidente. Também fiz parte da fundação da Associação Brasileira de Documentaristas e do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Juntamente com o saudoso Aluisio Leite, o gordo, nós fizemos o levantamento do acervo fílmico dos pioneiros do cinema potiguar: João Alves de Melo e José Seabra. Ao me deslocar para o Acre não deixei o cineclubismo, e por minha iniciativa foi criado o Cine-clube do Comerciário, que promovia sessões de cinema no SESC, e também ajudei a fundar o Cine-clube Alex Viany. Por esse mundo a fora, eu frequentei e ministrei cursos de cinema, promovi seminários, participei de corpo de jurados de festivais, pesquisei e escrevi sobre filmes e convivi com muitas personalidades ligadas ao mundo do cinema: Jean Claude Bernardet, Guido Araújo, Thomas Farkas, Cosme Alves Neto, Paulo Emílio Salles Gomes, Moacy Cirne, Fernando Monteiro, Fernando Spencer, Ismail Xavier, Carlos Eduardo Kalil, Eduardo Escorel, Jomard Muniz de Britto, Murilo Salles, Rudá de Andrade,  Luis Fernando Taranto, José Umbelino, Lucila Avelar, Regina Machado, Luzia Alvarez, Pedro Veriano, Gilberto Stabile, Bené Chaves, Nelson Pereira dos Santos, Celso Marconi, Marco Aurélio, o saudoso José Tavares de Barros, entre outros. Pasmem, inclusive pensei em fazer filmes, projeto de documentário que até encontrou financiador, mas graças ao meu bom senso não deu certo pois seria um desastre.

6. Na sua opinião, ainda se fazem bons filmes no cinema mundial? Qual o último grande filme que você assistiu? Aliás, emendando a pergunta, diga aí quais os dez melhores filmes de todos os tempos para você? E por que o Brasil jamais conquistou um Oscar?


Com certeza. Nesses últimos dez anos vi grandes filmes, o que demonstra cabalmente que o cinema é uma arte em permanente renovação. Posso sem muito esforço citar alguns deles: As invasões bárbaras, Ponto final, Dogville, Lavoura arcaica, O tempero da vida, Menina de ouro, Cartas de Iwo Jima, Tudo sobre minha mãe, O segredo do grão etc. A emenda que você fez à pergunta quase me colocou na lona, mas vou me esforçar para responder. Meus dez filmes são: Cidadão Kane, O encouraçado Potemkin, Rastros de ódio, Crepúsculo dos deuses, O leopardo, A doce vida, Crimes e pecados, Casablanca, Morangos silvestres e Os vivos e os mortos, sem ordem de preferência. Nessa camisa de força que você me meteu, eu deixo de fora muitas obras primas de Bergman, Ford, Huston, Feline, Chaplin, Hitchcock, Capra, Ford, Visconti, Nelson Pereira dos Santos, Wilder, Leoni, Copolla, Fritz Lang, Clint Eastwood, De Sica, Kurosawa, Kubrick, Elia Kazan, do genial Kieslowski, entre outros.

O Brasil não ganhou um Oscar porque não concorreu com um filme à altura do prêmio. Das poucas vezes que o Brasil concorreu ao prêmio tive o prazer de ver os filmes nacionais e os concorrentes vencedores. Na minha opinião, os filmes escolhidos e que receberam a honraria eram de melhor qualidade. O importante é realçar que a nossa produção dos últimos dez anos nos faz lembrar os grandes momentos do cinema brasileiro.

7. Os livros, Pedro, fale primeiramente da sua biblioteca, das obras raras que estão nela, do sebo que você um dia criou e que depois não se viu com coragem de tocar. Como é que foi isso?

A minha biblioteca tem quase a minha idade, pois acompanhou a minha trajetória de vida e de formação intelectual. Os primeiros livros e revistas foram herança de minha tia Neném, que colocou a minha disposição os livros de um primo-padrinho falecido. As mudanças de casa e de lugar de minha família e a precariedade das nossas moradias sempre atrapalharam os livros. A fixação de modo mais estável de nossa família, no ano de 1962, em Jaboatão, deu-me as condições para arrumar meus livros num velho fiteiro de padaria que passou a ser utilizado como estante. Daí por diante o acervo foi crescendo, principalmente com a compra de romances e literatura marxista. O golpe militar de 1964, e as constantes visitas de policiais à minha casa para me prender levaram meu pai a destruir meus livros, sem fazer nenhuma escolha de tema ou assunto, com exceção dos meus álbuns, cartazes e revistas de cinema, futebol e quadrinhos que foram destruídos pelo tempo e pela má conservação. Já exilado em Natal, eu recomecei outra biblioteca. Esta, por sua vez, veio a crescer bastante, mesmo que tenha sofrido muitas vezes certas mutilações. No deslocamento para o Acre eu trouxe parte considerável do acervo, e naturalmente desde então ele foi sendo bastante ampliado. Em São Paulo, quando freqüentava o mestrado, eu montei uma biblioteca paralela de bom tamanho e que teve seu acervo ampliado pelos muitos livros que eu deixei em Rio Branco emprestados ao Colégio Meta. O maior desastre sofrido pelos meus livros foi quando de minha volta para Natal em 1992. Deixei em Rio Branco entregue a uma transportadora, e esta empresa demorou um tempão para remeter as caixas para Natal. Graças à intervenção do meu amigo Homero Costa eu vim a receber os livros, mas parte considerável deles estava imprestável, pois havia sido destruída provavelmente pela chuva ou pela umidade. De agora por diante a história passou a ser bem diferente. Recompus e ampliei de modo sistemático o acervo em Ciências Sociais, economia, comunicação e literatura etc. As primeiras edições e também livros raros foram consideravelmente aumentados. Além disso, a estante de livros de arte, culinária e bebidas cresceu bastante. Nos últimos dez anos, eu fui dando certa baixa no acervo principalmente por falta de espaço e também por falta de controle sobre os livros. Eu fiz doação de todas as revistas científicas para UFRN e ainda eu dei e troquei muitos livros nos sebos.

Dandão, eu comecei como livreiro no Acre. Eu fui dono da Livraria Casarão, associado ao meu amigo José Mastrangelo. Em Natal, juntamente com Vicente Serejo e Homero Costa instalamos um Sebo com o nome de Cosmopolita. Grande parte do acervo foi formada com livros de nossas bibliotecas. A aventura só durou um ano e não penso mais em voltar a ser livreiro. Há pouco tempo eu concedi entrevista para o escritor Lívio Oliveira a respeito de minha biblioteca. Esta entrevista foi publicada em livro com o título “Biblioteca vivas do Rio Grande do Norte”. Livros raros hoje eu tenho poucos, mas são muitas as primeiras edições e grande parte delas autografadas, isso graças às relações de amizade e correspondência que mantenho com muitos escritores brasileiros. O acervo de minha biblioteca já chegou a mais ou pouco menos de oito mil volumes e com livros de qualidade, pois seus autores foram escolhidos com muito critério e para serem lidos. Não sou comprador de livro por compulsão, por voracidade, e nem por diletantismo. De modo comedido e de acordo com as minhas possibilidades eu fui formando uma biblioteca de qualidade que hoje no entanto só me causa problema, pois não tenho espaço em minha casa e também sofro por não poder oferecer aos meus livros um tratamento digno.


8. Para lhe botar mais uma vez em xeque, já que eu lhe pedi a lista dos dez maiores filmes de todos os tempos, agora eu quero que você faça uma lista daqueles que você considera os dez maiores livros da história da humanidade.

Mais uma vez você me põe numa braba enrascada, no entanto eu vou correr mais esse risco e me expor. O capital, de Marx; A Bíblia; A interpretação dos sonhos, de Freud; A Ilíada e a Odisséia, de Homero; As mil e uma noites, de autores apócrifos; Dom Quixote, de Miguel de Cervantes; A divina comedia, de Dante; Hamlet, de Shakespeare; Crime e castigo, de Dostoievski; e em Busca do tempo perdido, de Proust. Você, Dandão, levado pela compulsão do número dez, fez-me excluir autores do porte de Balzac, Kafka, Tolstoi, Goethe, Joyce, Thomas Mann, Herman Melville, Flaubert, Sthendal, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Faulkner, Borges, Herman Hesse, Ibsen, Pirandello, Lampedusa, Steine, Knut Hamsun, Musil, Victor Hugo, Tchekov, Gabriel Garcia Marques, Juan Rulfo, Kawabata, todos com obras imprescindíveis. Isso, sem mencionar os grandes poetas brasileiros e de outros países que tiveram de ficar de fora.

9. Nesse aspecto literário, faça um balanço da literatura brasileira de hoje. E, aproveitando o ensejo, situe a literatura produzida no Acre dentro do contexto dessa literatura brasileira.

Não vou correr o risco, pois desconheço grande parte da literatura que se faz hoje no Brasil. No entanto, eu posso dizer que está faltando um grande romance depois do que já foi publicado por Machado de Assis, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Lúcio Cardoso, o Jorge Amado de Gabriela, cravo e canela, Ciro dos Anjos, Guimarães Rosa, Josué Montelo, José Cândido de Carvalho do Coronel e o lobisomem, e Ariano Suassuna. Li e gosto de Milton Hatoum, Cristóvão Tezza, Ignácio de Loyola Brandão, Raimundo Carrero, Gilvan Lemos, Francisco Dantas, Luiz Ruffato, João Ubaldo Ribeiro, Fernando Monteiro, Homero Fonseca, João Antonio, Cláudio Aguiar, e mais os gaúchos Assis Brasil, Faraco e Tabajara Ruas. A poesia, por sua vez, vai muito bem. Poetas como Ivan Junqueira, Alexei Bueno, Ruy Espinheira, Ildásio Tavares, Jaci Bezerra Lima, Marcus Accioly, Adriano Espínola, Antonio Carlos Secchin, João de Jesus Paes Loureiro, Sanderson Negreiros, Nei Leandro de Castro, Ivo Barroso, Hildeberto Barbosa, Alberto da Cunha Melo já falecido, Carlos Nejar, Nauro Machado, Francisco Carvalho, Sérgio de Castro Pinto, Luiz Barcelar, Jorge Tufic etc. E os mais velhos Thiago de Mello, Ledo Ivo e Ferreira Gullar honram a tradição da grande poesia brasileira de Augusto dos Anjos, Bilac, Castro Alves, Gonçalves Dias, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Drummond, Vinícius de Moraes, Cruz e Souza, João Cabral, Cecília Meireles etc. Sobre a literatura que se faz hoje no Acre não falo porque reconheço a minha santa ignorância. Li alguns livros, porém considero insuficiente para fazer qualquer apreciação mais séria. Só posso falar com segurança de Clodomir Monteiro, um bom poeta e agitador cultural, de Leila Jalul e de você, Dandão, que é, a meu ver, um dos melhores cronistas desse país.

10. E sobre os seus livros. Fale das suas crias. O que elas representam para você e como elas, as crias, foram recebidas quando vieram à luz.

Não tenho muito que falar dos meus livros. Eles são obras secundárias ou terciárias que se perdem no imenso oceano das publicações brasileiras. No entanto, dois deles despertam maior interesse por tratarem de assuntos da Amazônia: Capital e trabalho na Amazônia Ocidental e Comunicação alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental, ambos decorrentes do trabalho acadêmico. Os livros que escrevi e organizei se encontram todos esgotados, naturalmente pelo tamanho das tiragens e não pelo mérito da obra. Toda minha pequena produção publicada e inédita está sendo disponibilizada no meu blog, pois não penso mais em editar em livro. Por falar em blog, divulga ai o meu para conhecimento dos teus leitores: http://www.cenasecoisasdavida.blogspot.com/, ele anda meio desatualizado e subnutrido, mas em breve a coisa vai ser alimentada com regularidade.


11. Para fechar, eu gostaria que você falasse dos seus novos projetos. O que esperar do doutor Pedro Vicente nos próximos anos.

Um amigo pelo qual tenho muito carinho, Francisco Almeida, leu meu blog e disse que ele estava recheado de memórias. É isso mesmo, eu penso em ir publicando artigos que registrem minhas memórias, que são muitas e até algumas eu considero interessantes por tratarem de pessoas, fatos da vida e da história cultural da província que só virão a publico se alguém se der ao trabalho de registrar. Não quero nem ouvir falar mais de produção acadêmica. Há dois anos atrás ainda pensei com seriedade nisso. O tema era a presença dos comunistas na política do Rio Grande do Norte após o movimento de 35, a chamada intentona. O que me motivou foi o insólito resultado do processo eleitoral de 1945, no qual os candidatos comunistas obtiveram expressiva votação na cidade de Natal, inclusive o seu candidato à presidência, o desconhecido Iedo Fiúza, que o grande Carlos Lacerda o chamava com eficácia de “o rato Fiúza”, foi muito bem votado na cidade e conseguiu vencer seus concorrentes Eurico Gaspar Dutra e Eduardo Gomes. Tirei esse projeto da agenda, apesar de ter reunido uma farta bibliografia e material de pesquisa. Se você me permite, eu registro nessa entrevista mais um desabafo, desta feita com relação à vida acadêmica. Eu comparo hoje o ambiente na universidade ao velho Coliseu romano, com feras e gladiadores envolvidos numa luta de vida e morte, numa competição muitas vezes desleal e até com o uso de golpes baixos dignos de foras da Lei. Pasme, quando me aposentei da UFRN, em 2003, sem no entanto me desligar da Universidade, pois ainda havia o compromisso com vários orientandos na pós-graduação, eu tive meu nome retirado da porta da sala que ocupava e dela fui despejado por iniciativa de certo professor que é meu amigo, e ainda mais, o meu escaninho para correspondência virou coletivo, um buraco negro para os aposentados, e daí eu passei a receber meus orientandos na sala reservada para o bate papo e para o cafezinho dos professores. Até na UFAC, certos professores ainda me olham como concorrente, e só me chamam para fazer alguma atividade a título de colaboração espontânea e gratuita, e nem sequer se dão o trabalho de expedirem a mais simples declaração. Eu espero concluir ainda este ano o que estou fazendo no Acre. Depois disso, quando voltar a Natal, eu vou cuidar do meu blog e publicar o material que reuni durante toda uma vida. Dedicar-me, evidentemente, mais a minha esposa e as duas filhas e curtir os netos que já vieram e ainda virão. E tomar muito vinho, pois considero que ainda estou muito atrasado. Além disso, pretendo ler e reler muitos livros e até ver filmes tardiamente no vídeo, pois teatro, concertos musicais, exposições de arte e cinema etc. ficam na dependência das viagens que eu possa fazer ao sul do país, principalmente a São Paulo. Isto naturalmente será feito até que a morte nos separe.


O entrevistador

Francisco Dandão é jornalista e ex-assessor de comunicação da UFAC. Poeta, colunista e cronista em jornais diários de Rio Branco (AC). Licenciado em Letras (1980) e bacharel em Direito (1986) pela Universidade Federal do Acre; mestre em Comunicação (1999) pela Universidade de Brasília; membro da Academia Acreana de Letras (desde 2003 – cadeira 28); professor das disciplinas: Teoria do Jornalismo e Teorias da Comunicação no curso de Jornalismo do Instituto de Ensino Superior do Acre. Publicou os livros de crônicas: A Arte do Chute na Rede do Improvável (2002) e Verdades Absolutas e Outras Mentiras (2005), entre outros.

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