sábado, 13 de junho de 2009

ARTIGOS - CULTURA DO LIVRO MARCA ENCONTRO NO ACRE - NELSON PATRIOTA

Nelson Patriota




A cada ano, novas e ousadas experiências agitam e renovam o mercado editorial brasileira, apesar da conjuntura de crise que o persegue desde que surgiram os e-books, os smartphones, os blogs e outras ferramentas eletrônicas que tentam solapar o livro em seu formato tradicional. Trava-se, assim, um intenso debate entre novos inventos e tradicionais meios de leitura. E se são visíveis os estragos que as novas mídias infligiram à mídia jornal impresso, o livro, como veículo de entretenimento e cultura parece não ter sofrido qualquer dano de gravidade. Antes, vem esboçando reações inteligentes que o tornam mais atraentes e mais agradáveis à leitura. As feiras de livro têm sido um dos meios mais inteligentes de contrarreação do mercado editorial ao assédio dos gadgets cibernéticos. A capacidade que eventos desse porte costumam apresentar, no sentido de mobilização de público, tem servido de estímulo a sua proliferação em termos nacionais e regionais.A mais nova, e certamente a mais ousada experiência desse gênero, neste semestre, é certamente a Feira Nacional do Livro e da Leitura do Acre, programada para o período que vai de 27 de maio a 7 de junho próximo, em Rio Branco. A iniciativa, se não é inteiramente nova no extremo norte do país, é inédita quanto aos objetivos colimados: passar no crivo da crítica e do público os principais segmentos da literatura brasileira, quais sejam, poesia, ficção, crítica literária, sem descuidar de abordagens regionais, como a que enfocará a moderna literatura da Amazônia ou o legado de Euclides da Cunha no ano do seu centenário de morte.Como um projeto dessa magnitude não pode passar despercebido, sob pena de se tornar um acachapante malogro, a organização da Feira já mobilizou os meios adequados para dotar o evento de um caráter suficientemente amplo para fazê-lo reconhecido como nacional, sem que isso invalide as abordagens exclusivas a uma região ou um estado. O ecletismo que caracteriza o rol de convidados é um dos pontos fortes dessa política.De fato, exigente que seja o público da Feira, uma banca de debatedores em torno da poesia brasileira contemporânea não poderia prescindir de um Gilberto Mendonça Teles, de um Alexei Bueno ou de um Hildeberto Barbosa Filho. E são estes os nomes escalados para esse tópico. Do mesmo modo que a moderna literatura amazônica estará entregue a Márcio Souza, Jorge Tufic e Laélia Rodrigues da Silva. Já o tópico “O escritor e seus personagens” será discutido por Luiz Ruffato, Fernando Monteiro, Homero Fonseca e Claudio Aguiar, todos ficcionistas em plena atividade. A literatura infantil, que é sabidamente o setor mais dinâmico do mercado editorial brasileiro, será contemplada com uma palestra do escritor Luiz Galdino sobre o tema: “Monteiro Lobato e a literatura infantil no Brasil”. Parte substancial dos méritos desse projeto deve ser creditada ao norte-rio-grandense Pedro Vicente Costa Sobrinho, que está à frente da organização da Feira do Acre, enriquecendo-a com a experiência de quem, além de ter realizado várias e bem-sucedidas feiras de livro no Rio Grande do Norte e participado de bienais em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, é ainda um escritor com livre trânsito entre os escritores de todo o país. À Feira Nacional do Livro e da Leitura do Acre não faltará um debate sobre jornalismo cultural, do qual participaremos juntamente com o jornalista pernambucano Homero Fonseca e o escritor paraibano Hildeberto Barbosa.


Jornal Tribuna do Norte - 26/04/2009.

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