David Capistrano Filho |
Eu me emociono ao escrever sobre Davizinho. Só lembro/relembro quando éramos adolescentes. Um grupo de estudantes secundaristas, super unido, com idéias e coração, irmãos mais velhos e tudo. Tínhamos quase a mesma idade, como Jonas, depois metralhado no dia da fechadura do golpe. Davizinho era filho do respeitado líder do Partido Comunista Brasileiro, David Capistrano, assassinado/desaparecido pela ditadura militar.
Ele, Davizinho, estudava no Colégio Estadual de Pernambuco. Era um menino sério, compenetrado, mas que também sabia soldar seus risos e risadas. Estudava e lia muito, sendo um companheiro presente no movimento secundarista que cresceu em Recife e se espalhou pelo Estado e lutava bravamente e com toda a pureza do ideal pelo bem da humanidade.
Nós dispúnhamos das condições objetivas propiciadas pelo 1o Governo de Miguel Arraes, que garantia as liberdades democráticas e assegurara que tudo estava na mais perfeita ordem, não havendo clima para golpe. Quando fomos iludidos. E como doeu em nós nos apartarmos. Quando veio o golpe militar de logo arrancaram-nos perversamente Jonas e Ivan. Este já era estudante universitário, irmão da nossa querida Nadir Aguiar, filho de Severino Aguiar, de Palmares.
São todos nomes do universo de Davizinho, especialmente Jonas, sua parelha. Em junho de 64, agentes do IV exército (Ten. Cel. Ibiapina) me tiraram de casa e me levaram para a 2a Cia. De Guardas, onde já se encontrava Davizinho. Recordo que um dos companheiros de prisão, e eram vários, falou assim quando eu cheguei: "isto aqui está virando jardim da infância". De fato, entre tantos adultos, Davizinho e eu éramos menores, eu então com dezessete anos de idade.
Passamos a noite inteira conversando, inventando culpas/depoimentos, fortalecendo-nos e preparando-nos para o imprevisível. Dito e feito, pois no dia seguinte levaram Davizinho para a "solitária". Nunca mais o vi. Soube, com orgulho, de sua trajetória política como Secretário de Saúde de Bauru, de Santos e ainda Prefeito de Santos, no Estado de São Paulo, aliada à sua destacada atuação como médico sanitarista renomado, sem nunca ter se afastado dos seus princípios e convicções. Belíssimo Davizinho.
Que exemplo continuas dando a esta cidade do Recife, particularmente aos teus contemporâneos. Até os adversários de ontem viraram socialistas e estes detestam a utopia. E tu foste sempre o homem fiel ao sonho, na teoria e na prática. Eras um menino ateu, mas tão junto de Deus. Como agora estás, por merecimento.
Ele, Davizinho, estudava no Colégio Estadual de Pernambuco. Era um menino sério, compenetrado, mas que também sabia soldar seus risos e risadas. Estudava e lia muito, sendo um companheiro presente no movimento secundarista que cresceu em Recife e se espalhou pelo Estado e lutava bravamente e com toda a pureza do ideal pelo bem da humanidade.
Nós dispúnhamos das condições objetivas propiciadas pelo 1o Governo de Miguel Arraes, que garantia as liberdades democráticas e assegurara que tudo estava na mais perfeita ordem, não havendo clima para golpe. Quando fomos iludidos. E como doeu em nós nos apartarmos. Quando veio o golpe militar de logo arrancaram-nos perversamente Jonas e Ivan. Este já era estudante universitário, irmão da nossa querida Nadir Aguiar, filho de Severino Aguiar, de Palmares.
São todos nomes do universo de Davizinho, especialmente Jonas, sua parelha. Em junho de 64, agentes do IV exército (Ten. Cel. Ibiapina) me tiraram de casa e me levaram para a 2a Cia. De Guardas, onde já se encontrava Davizinho. Recordo que um dos companheiros de prisão, e eram vários, falou assim quando eu cheguei: "isto aqui está virando jardim da infância". De fato, entre tantos adultos, Davizinho e eu éramos menores, eu então com dezessete anos de idade.
Passamos a noite inteira conversando, inventando culpas/depoimentos, fortalecendo-nos e preparando-nos para o imprevisível. Dito e feito, pois no dia seguinte levaram Davizinho para a "solitária". Nunca mais o vi. Soube, com orgulho, de sua trajetória política como Secretário de Saúde de Bauru, de Santos e ainda Prefeito de Santos, no Estado de São Paulo, aliada à sua destacada atuação como médico sanitarista renomado, sem nunca ter se afastado dos seus princípios e convicções. Belíssimo Davizinho.
Que exemplo continuas dando a esta cidade do Recife, particularmente aos teus contemporâneos. Até os adversários de ontem viraram socialistas e estes detestam a utopia. E tu foste sempre o homem fiel ao sonho, na teoria e na prática. Eras um menino ateu, mas tão junto de Deus. Como agora estás, por merecimento.
Albérgio Mais de Farias, escritor.
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