sexta-feira, 4 de março de 2011

Lembranças do Futebol Arte: Dra. FIFA furou na Lista - Pedro Vicente Costa Sobrinho

Seleção campeã da Copa do Mundo de 1958
 
Revendo o meu arquivo de recortes de revistas e de velhos jornais deparo-me com a coluna Portfólio do jornalista Alex Medeiros, publicada em O Jornal de Hoje de out/2008. Nela, Alex comenta uma certa lista oficial da FIFA com os 50 melhores craques do futebol mundial em todos os tempos. Alex, notável conhecedor do chamado esporte das multidões, faz uma boa avaliação crítica do material divulgado, revelando algumas inconsistências e lacunas e, por sua vez, sugeriu até novas inclusões. O futebol brasileiro emplacou cinco nomes entre os 50 relacionados: Pelé, naturalmente o primeiro, Garrincha (8), Zico (14), Didi (20) e Zizinho o número 47. Pelo que eu pude observar a listagem foi feita sem qualificar os craques pelas posições em que atuaram nos seus respectivos clubes de futebol ou seleções nacionais. Até aí tudo bem, nada a obstar.

O que de certo modo me causou surpresa foi verificar que da referida lista constavam seis craques da Alemanha, cinco argentinos, cinco italianos, quatro ingleses e apenas cinco brasileiros. Além disso, eu  ouso afirmar que muitos dos nomes que foram incluídos nesse rol devem ter sido certamente por se considerar no ato da seleção a chamada ação “politicamente correta” adotada então pela doutora FIFA. Vejamos bem! O Brasil disputou todas as copas do mundo, venceu cinco delas e por duas vezes (1950/1998) foi vice-campeão. E tem mais, no ranking histórico das seleções nacionais o Brasil conseguiu classificar-se em primeiro lugar por acumular 445 pontos, graças ao mérito pela conquista de cinco copas do mundo, três copas das confederações e oito campeonatos sul-americanos. Ademais, três dos seus jogadores foram artilheiros de copas do mundo: Leônidas (1938), Ademir (1950) e Ronaldo, “o fenômeno”. Nem sequer eu estou levando em conta que o primeiro caneco da competição, a taça Jules Rimet, pertence a nossa seleção pela conquista do até então cobiçado “TRI”. Este feito foi realizado em apenas 12 anos, durante a disputa de quatro sucessivas competições mundiais: 1958, 1962, 1966 e 1970.

Mas, ainda é lamentável a miopia e falta de critério de avaliação dos tais peritos observadores da FIFA com relação aos nossos grandes craques do passado, principalmente daqueles que atuaram durante os anos de ouro do nosso futebol: 1958 a 1970; e, portanto, deixar de incluir na citada relação nossos dois Santos: Djalma e Nilton, só pode ser brincadeira de mau gosto. E Carlos Alberto (lateral de 1970), e também na década de 1930/40, como não se lembrar dos imortais Leônidas e Domingos da Guia?

Sempre que eu comento algum fato relacionado ao futebol, faço logo uma ressalva: o meu interesse por futebol já é coisa extinta e resistiu tão somente até a Copa do Mundo de 1986, com o fim da era Telê Santana, o pé frio, e da geração de craques como Leandro, Toninho Cerezo, Sócrates, Falcão, Júnior e Zico. Mas, mesmo limitando esse tempo do bom futebol arte, o Brasil, sem dúvida, deveria emplacar no mínimo 10 jogadores numa relação mais criteriosa na qual constassem os 50 maiores craques de todos os tempos. Pra conferir: Pelé, Garrincha, Djalma Santos, Zizinho, Nilton Santos, Didi, Carlos Alberto, Julinho, Domingos da Guia e Leônidas. E para provocar eu escalo a seleção do mundo de todos os tempos com posições definidas:

Lev Yashin (URSS), Djalma Santos (Brasil), Franz Beckenbauer (Alemanha), Bobby Moore (Inglaterra) e Nilton Santos (Brasil); Cruyff (Holanda), Di Stéfano (Argentina) e Puskas (Hungria); Garrincha (Brasil), PELÉ (Brasil) e Maradona ( Argentina).

E para finalizar, eu dirijo essa pergunta para o colunista Alex Medeiros, de quem sou leitor. Será que o mundo voltará a ver um conjunto de atacantes como este do Real Madrid nos anos 50/60: Del Sol, Puskas ou Didi, Kopa, Alfredo Di Stéfano e Gento?
 
Real Madrid - 1959/1960

 

Nota: A primeira foto que ilustra o texto é da seleção brasileira de 1958. Dela participou cinco craques que, sem nenhum favor, devem constar de qualquer lista dos 50 maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Eis os nomes: Pelé, Garrincha, Djalma Santos, Didi e Nilton Santos. A segunda foto é do grande time espanhol Real Madrid. A linha de frente é formada por Canário, Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento. O jogador francês Kopa, considerado o melhor centro-avante da Copa do Mundo de 1958, já havia certamente à época deixado o Real Madrid. Kopa fez parte do arrazador ataque francês: Wieneski, Fontaine, Kopa, Piantoni e Vincent, que disputou a copa de 1958, e perdeu para o Brasil por 5x2 na semi-final. A seleção francesa classificou-se em terceiro lugar ao golear a Alemanha por 6x3.


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