ABSTRACT
This book makes up, at the same time, a register and an analysis of the role the independent press played in Acre, during the 1971-1981 period, towards social changes, above all those papers that were responsible for the resistance fight against the process of predatory occupation of border areas, set out in the 70s by the new front of landowners. This process came about as a natural result of the expanding occupation policy envisaged to Brazil's Amazon. It was motivated by strong geopolitical interests worked out by the military dictatorship established in power in 1964, and became known as "Operação Amazônia" ("The Amazon Operation"). In this process, started out in the 70s, thousands of workers got to be expelled from their lands in the forests. To get it done, landowners would not mind using any form of violence. The so-called quality press pretended nothing was happening; and when it treated this subject, its reports were often sympathetic to the powerful farmers. At first unobserved, the resistance fight of natives, indigenous groups, rubber gatherers, and so on, grew strong as soon as unions were created and organized to see them through in this conflict. To propagate their information and massages, these unions were backed by two independent vehicles: the diocesan bulletin Nós Irmãos (We, brothers) and the paper Varadouro.
Majestosa simpliciade...
E fui buscar na estante a única tradução das Odes de Horácio que me vem deslumbrando até hoje, a do padre português José Agostinho de Macedo, um setecentista com um espírito guerreiro de um Frei Caneca. É no auto-prefácio de sua magnífica tradução que estão as palavras que podem caracterizar a linguagem de Pedro Vicente Costa Sobrinho, em seu importante livro. Senti, ao lê-lo, mais uma vez, aquela, como diz o padre, “majestosa simplicidade, que é o carácter dos grandes homens, e das grandes obras”. Confesso que não saberia elaborar para a linguagem modesta, precisa e grandiosa do autor, uma definição mais honrosa e condizente. Ah, se a metodologia científica e a beleza verbal se encontrassem mais vezes neste mundo compartimentado!
(Alberto da Cunha Melo)
Comunicação alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental. Pedro Vicente C. Sobrinho. João Pessoa: Editora da Universidade Federal da Paraiba, 234 p., 2001.
7 comentários:
“Através da leitura do seu trabalho (Comunicação alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental), tomei completo conhecimento dos trágicos acontecimentos que transformaram, há poucos anos, o Acre em um território sem Lei, objeto da “invasão” dos pecuaristas “paulistas”. Você traçou, com maestria, aqueles, conturbados tempos, motivo pelo qual lhe apresento os mais sinceros parabéns pelo seu trabalho literário.
Olavo de Medeiros Filho – historiador
“O trabalho se destaca ainda pelo cuidado empírico de caracterizar os temas explorados naqueles periódicos e sua maternidade de imprensa – estilos textuais, imagens, etc. Alia-se a isso a preocupação erudita de debater uma bibliografia ampla e diversificada e o apelo à documentação”. Complementar de grande interesse... A solidez do texto está apoiada, por fim, na experiência anterior de pesquisa... e em seu convívio direto com muitos personagens agora estudados”.
Marcos Silva – historiador e ensaísta (professor da USP)
...sem Comunicação alternativa... acho que não se pode escrever mais nada sobre o Acre e vizinhança, sem contar com a importância de seu livro para uma História geral da Igreja no Brasil do século XX.
Roberto Mota – antropólogo e ensaísta (professor da UFPE).
...li Comunicação alternativa... um estudo profundo. Erudito sob todos os pontos de vista. Os temas abordados valem, e como valem: Nós Irmãos..., Varadouro... irradiam a sua inteligência.
Enélio Petrovich – (presidente do IHGRN )
...Comunicação alternativa... trata-se de lúcido trabalho que, originado de sua tese de doutoramento, em muito vem a contribuir para a compreensão da realidade brasileira, e a acriana em particular.
Fernando de Mello Freyre – escritor
Francisco Dandão
Não fosse uma viagem que eu inventei nas últimas vinte e quatro horas, o meu programa para a noite de hoje seria sentar na primeira fila do anfiteatro Garibaldi Brasil, no campus universitário da Ufac, para assistir ao lançamento do livro Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental, de autoria do sociólogo Pedro Vicente Costa Sobrinho.
Pedro Vicente, que hoje trabalha na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), eu conheci na segunda metade dos anos 70, quando, na qualidade de estudante de Letras na Ufac, ouvi-o durante uns dois semestres, dia após dia, dissertar com brilhantismo sobre Cultura Brasileira. Ele destilava conhecimento e erudição. Um intelectual da mais fina estirpe.
Na época, talvez por força de um vínculo empregatício com o Serviço Social do Comércio que não lhe deixava tempo para maiores vôos literários, Pedro Vicente não havia ainda se aventurado pelo caminho da escrita. Agitador cultural, preocupadíssimo com a efervescência artística acreana, tudo, porém, levava a crer que a publicação de livros não tardaria.
O tempo provaria que quem pensava assim, como era o meu caso, não estava enganado. Tanto que logo após se desvincular das suas funções no Sesc, Pedro Vicente foi fazer mestrado em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. E da dissertação final, claro, saiu o livro Capital e Trabalho na Amazônia Ocidental.
Daí para cá, além do livro objeto do lançamento desta noite, foram mais duas publicações. Uma delas de artigos escritos por vários autores, intitulada Reflexões Sobre a Desintegração do Comunismo Soviético, que saiu pela editora Alfa-Ômega, na condição de organizador. A outra, de autoria individual, pelo selo Coivara, chamada Exercícios Circunstanciais.
Esses dois citados por último eu ainda não cheguei a ler. Conheço-os somente de ouvir falar. Capital e Trabalho na Amazônia Ocidental, entretanto, eu conheço muito bem. Recorri à leitura dele várias vezes quando da elaboração da minha dissertação de mestrado. E não tenho nenhum pudor em recomendá-lo a quem quiser entender um pouco mais da história do Acre.
Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental é o resultado da tese de doutorado em Ciências da Comunicação que Pedro Vicente defendeu no ano passado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. E novamente, tal qual o primeiro livro, tem o poder de jogar luzes sobre o passado recente do Estado.
Se naquele o autor se preocupou em estudar as flutuações da economia gomífera nos confins da floresta amazônica, neste a proposta é compreender o papel crucial que dois órgãos do passado da imprensa local (o jornal O Varadouro e o boletim Nós Irmãos) desempenharam no fortalecimento dos movimentos sociais acreanos durante a década de 70.
Em ambos os informativos, uma mesma linha editorial, voltada para a denúncia de barbaridades cometidas pelos então novos donos das terras acreanas e, claro, total e absolutamente a favor dos movimentos de resistência encabeçados por posseiros, índios e seringueiros (minoria que, ressalte-se, não contava com a simpatia dos meios de comunicação locais).
Num momento em que, apesar de toda a tecnologia disponível, a imprensa do Acre vive uma, digamos, profunda crise de paradigmas (não sabe se faz ou se compra feito), a leitura desse novo livro do doutor Pedro Vicente me parece essencial. No mínimo servirá para a gente comparar temporalmente as atitudes de algumas figurinhas carimbadas que até hoje andam por aí.
(Jornal Página 20, 23.04.2002)
Professor, tá na hora de o senhor disponibilizar esse livro on-line, em PDF, para os leitores na net... Estou querendo lê-lo, mas não o acho nas livrarias locais.
abçs
edu
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