segunda-feira, 18 de março de 2013

Artigos - A Universidade do Seridó - Diógenes da Cunha Lima


Região do Seridó

 
         Movimentam-se as lideranças regionais para a criação da Universidade do Seridó. À frente estão a Igreja, os prefeitos da região, os intelectuais e educadores do porte de um Laércio Segundo de Oliveira. Nada mais justo, adequado, produtivo. Ao longo do tempo, a UFRN qualificou um excelente corpo docente em Caicó e Currais Novos.

O Governo Federal deu exemplo criando a Universidade Federal de Campina Grande e a Universidade do Semiárido em Mossoró.

Grandes homens o Seridó dá ao Brasil. Lembro o pioneiro administrativo Amaro Cavalcanti; o santo padre João Maria; o poeta e profeta Manoel Dantas, grande em ser, em saber, em prever; o político e educador brasileiro José Augusto; o produtivo líder Pe. Brito Guerra; o administrador e escritor Juvenal Lamartine; o monsenhor Walfredo Gurgel, humanista, líder cristão.  Muitos, muitos outros fizeram a construção da identidade regional, da homogeneidade espiritual seridoense, como Dinarte Mariz, criador da UFRN.  Lá no Seridó há luz, cor, calor e também uma forma de viver e de agir próprias do local.  Há uma energia que, às vezes, excede as mais otimistas expectativas, com característica da personalidade regional, da sua fisionomia, sua imagem.

O Seridó é uma civilização solidária.  Desde que consideremos civilização sob um ponto de vista conceitual menos amplo do que o aplicado, costumeiramente, à nação.  Região desfavorecida pelo clima, nuvens e chão; é beneficiada pelo homem, sua vontade, sua decisão.  E pelas bênçãos de Deus.

A civilização do Seridó é uma herança cultural que se baseia em vontade coletiva, impossível de ser medida.  Tem, na base, suas propriedades rurais que são historicamente unidades autônomas.  Com produção agrícola, de gado, e de peixes dos milhares de pequenos açudes cavados pela mão do homem.

Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco na região seridoense em nosso Estado, sob a orientação da professora Gabriela Martins Souto Maior, chega à conclusão de que o brasileiro mais desenvolvido está no Nordeste, notadamente no Rio Grande do Norte e precisamente no Seridó. A pesquisadora constatou isso a partir das pinturas rupestres nos sítios arqueológicos nos sertões seridoenses. Diz a Dra. Souto Maior “que há dez mil anos o homem vivia no Seridó em fase adiantada. Já entendia de navegação e fabricava redes de dormir, o que demonstra uma civilização bem adiantada”.

O Seridó constrói adesões ao seu código de conduta e ao respeito à terra.  Sei de ciência própria, porque fizemos juntos, o Seridó e a UFRN, o Campus Universitário de Caicó, que seria orgulho para muitas universidades brasileiras. O Campus de Currais Novos também coleciona êxitos.  A Universidade no Seridó nasceu não de agora, mas da primeira escola de latim e francês do padre Guerra, como nasceu dos grandes vultos do seu passado.

Penso que o pleito, imprescindível e urgente, é reconhecido por nossa Universidade Federal. Evidentemente, o mais alto patrimônio cultural do Norte e Nordeste do país apoiará a iniciativa. É a vez da união da classe política, de todo aquele que ama a cultura, o saber produtivo, enfim, dos que querem bem ao Rio Grande do Norte.
 
Diógeness da Cunha Lima, professor, escritor e poeta; ex-Reitor da UFRN, ex-Presidente do Conselho Nacional de Reitores, Presidente da Academia de Letras do Rio G. Norte.

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