Capa da 2ª Edição. |
Diz o poeta, “tenho
conhecido rios... profundos rios... a minha alma tornou-se profunda como os
rios”. O rio Amazonas é plural. Vastidão
de rio e afluentes. Floresta. Nas suas margens viveu e sobreviveu o índio, o
posseiro, o paroarara, o nativo. Desse amálgama de contrastes, temos a matéria
viva do reino verde, “do inferno verde”, na expressão do escritor Peregrino
Júnior, no seu livro “A Mata Submersa”.
As metamorfoses e
contrastes da floresta permitem os mitos, as lendas, a vida mímica de suas
águas. Sacralidade. O rio não é só um rio. Não é só um rio e seus afluentes, já
dizia o poeta. Principalmente, se este rio é o Amazonas; maior bacia fluvial do
mundo; com sua floresta que cobre dois quintos da América do Sul. Um rio não é
só um rio; ocupação, densidade, presença constante e desafiadora. A Amazônia é
o desafio; a matéria que Pedro Vicente Costa Sobrinho estuda e nos apresenta
neste livro: Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental, tema de
doutorado, ampliado e acessível à leitura na “riqueza de suas análises”, na
observação do mestre ensaísta Celso Furtado. Obra erudita e documental,
denunciadora, vibrante como uma seta ao alvo exposta. Exposição formatizada,
compromisso com a verdade histórica, na abrangência de seus estudos
comparativos e nas constatações verídicas. Livro irrecusável a tantos; a todos
os brasileiros com sentimentos de justiça e solidariedade. Diz Sebastião Vila
Nova, sociólogo e ensaísta: “Não me surpreende como não surpreende ninguém que
conheça sua inteligência aguda e sua sensibilidade”, este livro.
Pedro Vicente Costa
Sobrinho é sociólogo, pós-graduado em Economia Rural (UFAC) e Ciências Sociais
(PUC-SP), Doutor em Ciências da Comunicação (ECA-USP), Professor da Universidade Federal do Acre. Foi Diretor do
SESC e SENAC. Presidiu a Federação Nordeste de Cineclubes e a Associação dos
Sociólogos do RN. Professor da UFRN. Dirigiu gráficas, editoras e jornais.
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do RN. Autor dos livros
Capital e Trabalho na Amazônia Ocidental, edição Cortez. Reflexões sobre a
desintegração do Comunismo Soviético e Exercícios Circunstanciais, Ed. Coivara, entre outros.
O autor transita com
facilidade pelas artes plásticas, cinema, sociologia política, gastronomia (tem
um livro sobre esse assunto), literatura. Na concepção de Yatsuda, ele é “um
intelectual preso aos temas e às circunstâncias”. No livro Comunicação Alternativa e Movimentos
Sociais na Amazônia Ocidental o autor põe em relevo os conflitos “a expansão da
frente agropastoril na direção da fronteira ocidental; a geopolítica da
ocupação acriana; a igreja do Acre e Purus; a Imprensa Nacional; Nós Irmãos;
Tribuna do Povo de Deus, Varadouro, o Jornal das Selvas”. Considerações, notas,
com vasta documentação, notadamente dos anos 71 a 81 do século passado. Pedro
Vicente Costa Sobrinho chama a atenção para a ameaça de destruição da floresta
acreana; para impressionante cifra e terras brasileiras vendidas e transferidas
par grupos estrangeiros. Este interesse neste imenso vazio demográfico que
desperta a atenção como possível área de reserva, conforme revelação da SUDAM.
A ação da Igreja do
Acre elege um povo de Deus chamando-o para “responsabilidades sociais” a serem
assumidas, vivenciadas e partilhadas, em busca de soluções à preservação da
dignidade de homem.
Chama a atenção no texto
de Pedro Vicente Costa Sobrinho as aberturas dos capítulos com textos,
epígrafes poéticas; pausa a consecução das análises e das informações maciças
intertextualizadas pelo vigor do estilo e a eloquência da palavra. É um
escritor múltiplo, versátil, “plural como o universo” confirma Marcus Accioly
citando o poeta Fernando pessoa.
O livro de Pedro
Vicente Costa Sobrinho denuncia e dá fé através de entrevistas, boletins,
ensaios, documentos hábeis assim com Varadouro, Jornal das Selvas, documental e
útil e Nós Irmãos, Tribuna do Povo de Deus, e de documentos da Imprensa
nacional; os constantes conflitos e as vicissitudes dos anos 70 do século
passado, na região na qual viveu o autor estas questões ambientais, formulando
toda uma teoria para o modelo do desenvolvimento do Acre.
Contribuição
inequívoca, vigorosa, lúcida, necessária, à visão histórica e social desta
região conflitada. Avaliação socioeconômica, humana e justa, que revela os
valores eternos do homem.
Nós, os nordestinos,
temos a grande tarefa de manter sempre viva nossa inequívoca presença no
processo cultural e nas letras, na arte e na poesia em nível nacional. O livro
Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental e o livro
Vozes do Nordeste, de Pedro Vicente Costa Sobrinho, em parceria com Nelson
Ferreira Patriota Neto é um livro de resgate e contribuição sobre ensaios e
poesias e fixação de escritores nordestinos pela visão de suas obras que
exprimem, na opinião do escritor Franklin Jorge”o trabalho intelectual de
gerações de pensadores e criadores aqui tratados com suficiência do
especialista e a sensibilidade do criador que todos são, no empenho e no
cuidado com que se debruçam sobre uma temática reveladora da nossa nacionalidade”.
Somos os contemplados.
As obras aqui estão. Tarefa cumprida. Um rio não é só um rio. Um livro não é só
um livro; acompanha-o sempre a alma do seu autor e o sonho.
Dorian Gray Caldas:
escritor, poeta, pintor. Da Academia de Letras do RN e do Instituto Histórico e
Geográfico do RN. Dezenas de livros publicados.
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