A Comissão Pastoral da
Terra (CPT) foi alvo de uma invasão em sua sede no Acre, na noite do dia 20 para
o 21 de janeiro. Já é a sexta invasão à sede da CPT nos últimos dois anos, e o
agente pastoral Cosme Capistano da Silva, além da coordenadora da CPT na
região, Maria Darlene Braga Martins, sofreram ameaças.
Esses fatos reforçam a
suspeita de que essas invasões estão ocorrendo como forma de intimidar a
organização a parar de realizar seu trabalho de denúncia constante ao
latifúndio e às ações de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do
Amazonas. Leia abaixo a nota da Pastoral sobre o ocorrido (Página do MST, 28 de
janeiro de 2013).
Invasão, roubo e
ameaças à CPT no Acre
A Comissão Episcopal
Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, o Conselho
Indigenista Missionário (CIMI) e a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da
Terra (CPT) vêm a público denunciar novos atos de violência praticados contra a
CPT do Acre, e reiteram sua solidariedade e apoio aos agentes de pastoral pelo
corajoso trabalho desenvolvido em defesa do povo do campo e da floresta daquele
estado.
Na madrugada do dia 20
para o dia 21 de janeiro último, a sede da CPT do Acre foi invadida. O local
foi destelhado e o forro destruído para permitir o acesso às dependências.
Foram roubados computadores, data show, impressoras, máquinas fotográficas,
além de muitos documentos.
A equipe da CPT
encaminhou todos os procedimentos legais, fez o registro de boletim de
ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que
não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos
suspeitos de tal violência.
Tudo leva a crer que a
ação criminosa tenha sido executada por um profissional bem orientado do que
deveria retirar do local, e capaz de dificultar a investigação policial, não se
tratando, portanto, de um furto comum. Isso fica ainda mais evidente uma vez
que, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de janeiro, a mesma sede foi mais uma
vez invadida e as únicas coisas levadas foram documentos, inclusive o Boletim
de Ocorrência, feito no dia anterior.
Com esses dois últimos
episódios, já são seis os casos de invasões na sede da CPT no Acre nos últimos
dois anos. Julgamos importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se
intensificado após a CPT denunciar irregularidades em planos de manejo
florestal e ação de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do
Amazonas, questionando o latifúndio e as novas formas de apropriação dos meios
naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns.
Somadas às recorrentes
invasões, ameaças foram direcionadas ao agente pastoral que atua no município
de Boca do Acre (AM), Cosme Capistano da Silva, bem como, a Maria Darlene Braga
Martins, coordenadora da CPT na região.
Os signatários
acreditam que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT
Acre nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das
terras, grileiros, fazendeiros e madeireiros.
Mesmo tendo sido feitas
reiteradas denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público
Federal (MPF), secretarias de Direitos Humanos e Secretaria de Segurança
Pública nada foi resolvido até o momento. Exigimos que os fatos sejam apurados
com profundidade e transparência e que os verdadeiros executores dessas
violências sejam responsabilizados e presos.
Brasília / Goiânia, 25
de janeiro de 2013.
Comissão Episcopal
Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB
Conselho Indigenista
Missionário (CIMI)
Coordenação Nacional da Comissão
Pastoral da Terra (CPT)
Nota: Grileiros, fazendeiros e madeireiros estão com a corda solta no Acre. Estão parecendo fatos que aconteciam nas décadas de 1970 e 1980, e que culminaram com o assassinato de Chico Mendes. Os bandidos de ontem são os novos aliados de hoje. O PT que se cuide, essa gente não perde a oportunidade de por as garras de fora, a impunidade reinante no país é um bom estímulo pra suas ações.
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