Turma do SESC: Gleide, Avelino, Neide, Rose, Luis Alberto, Socorro, Jorginho, Magnólia e Terezinha Mansur |
Em abril de 1978, a
convite do amigo Jaime Ariston, eu chequei a Rio Branco com o firme propósito
de morar definitivamente no Acre. Esta decisão foi movida por dois fatos
essenciais: assumir a Gerência de Bem Estar da Delegacia Executiva do SESC no
estado e, sobretudo, o alentado desejo de iniciar-me na carreira acadêmica
através do ingresso na Universidade Federal do Acre.
Em Natal, mesmo
exercendo cargo técnico com boa remuneração no Instituto de Desenvolvimento
Econômico (IDEC), o acesso à Universidade Federal do Rio Grande do Norte me
estava vetado pela Assessoria de Informação da
UFRN (ASI), devido as minhas atividades políticas que, para o citado
órgão, eram então consideradas subversivas. Com relação a esse impedimento, eu fui até mesmo advertido
pelo meu professor e amigo Jardelino Lucena, que inclusive comprometeu-se a me proporcionar uma bolsa de estudos da CAPES, disponível no
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, do qual era seu diretor, para
cursar programa de mestrado em qualquer universidade do país. As
minhas atividades políticas e o meu envolvimento na luta de oposição a ditadura
eram notórios. Participei do movimento estudantil ao dirigir o Diretório
Acadêmico Josué de Castro da Faculdade de Sociologia e Política; no movimento
cineclubista como vice-presidente do Cine Clube Tirol e ao presidir a Federação
Nordeste de Cine Clubes; como presidente da Associação dos Sociólogos do Rio
Grande do Norte; na oposição política aberta
ao regime militar através do MDB, e clandestinamente como um dos
dirigentes locais do Partido Comunista Brasileiro. Por várias vezes havia sido
detido na Polícia Federal para prestar esclarecimentos ou sob a acusação direta
de atividades subversivas. Com uma folha corrida dessa ordem, difícil seria ingressar via concurso na UFRN.
No Acre, a meu ver,
seria mais fácil o meu acesso à Universidade, pois além da escassez de mão obra
qualificada para o ensino superior eu alimentava a crença de que os órgãos de segurança
não tinham ainda um sistema de informação capaz
de acompanhar a movimentação de pessoas pelo nosso continental país; a
não ser que houvesse uma denúncia específica com relação a atividade política
de um determinado indivíduo. Em Natal, pelo que eu sei, foram raras as pessoas
que se prestaram a cumprir o papel de informante da ditadura, o dedurismo na cidade
certamente não prosperou.
A previsão minha e de
Jaime Ariston revelou-se então verdadeira, pois assumi a Gerência de Bem Estar
do SESC em abril de 1978, um mês depois, no dia primeiro de maio eu fui
admitido como Professor Colaborador T-20, regime de 20 horas semanais de aulas
na UFAC, instituição a que estive vinculado por quase 15 anos. No SESC minha
relação de emprego foi mais curta, 5 anos. O meu projeto de vida era me
desvincular oportunamente do SESC para me dedicar com exclusividade à carreira
acadêmica. Cursar o mestrado e doutorado e ainda tornar-me pesquisador e
escritor de tempo integral faziam de
parte do ambicioso sonho que cultivei durante
anos. Apesar dos riscos que corria por
não me afastar de minhas atividades intelectuais e políticas de oposição à
ditadura, eu não esperava jamais a acusação de ser um reles descuidista que, sem qualquer amor próprio e ao meu
passado, havia me apropriado de valores
irrisórios dos cofres da instituição. A denúncia furada de peculato foi um mero
disfarce para encobrir a trama política que resultou na minha demissão no ano
de 1982 do SESC. Ainda bem que a Comissão que
o Departamento Nacional designou para apurar os fatos era composta de
homens competentes e sérios; lembro-me ainda dos nomes de Juvenal Fortes, Afrânio,
de quem eu tinha particular admiração, Francisco Pena e outro Francisco, o Caruso. A declaração final de Juvenal Fortes,
quando procurado pelos jornais do Acre, calou fundo sobre as especulações que
então circulavam, pois ele informou que não havia nada que me implicasse em
malversação de recursos do órgão no Acre. Cabe realçar que eu também contei com
a importantíssima solidariedade de amigos jornalistas, sobretudo do saudoso
José Leite, já falecido, e de Luis Carlos Moreira Jorge, redatores do jornal “O
Rio Branco”, com os quais contraí uma dívida impagável pelo muito que por mim
fizeram naquele episódio que eu considero o pior momento de toda minha
vida.
José Chalub Leite, grande nome da imprensa da Amazõnia |
Como parte dos
esclarecimentos que fiz nesta carta aberta que ora posto em meu blog, somente agora
faço um relato sobre dois fatos que
eu ainda não havia tornado público. Logo que tomei conhecimento do que
vinha ocorrendo no SESC e que o principal envolvido nas denúncias junto à
direção nacional era o então senador
Jorge Kalume, candidato ao governo do
Acre, eu procurei o amigo José Rêgo, à época ele era vice-governador do estado,
e pedi-lhe que me ajudasse a agendar uma audiência com Kalume para esclarecer
alguns questões. Rêgo se propôs a mediar esse
encontro por mim solicitado. Logo ao sair dessa visita a José Rego, eu comecei
a refletir e a repensar sobre o que havia pedido ao amigo, porque, a bem da
verdade, eu não tinha nada pra conversar com Kalume. Dois dias depois, eu
telefonei e pedi a Rêgo que nada fizesse para motivar a tal audiência, e então
ele me confidenciou que eu havia certamente tomado a melhor decisão, pois
Kalume não era de ouvir ninguém. E relatou-me que havia interferido por outro
amigo, a quem Kalume havia pedido e obtido sua demissão do INCRA, e marcado audiência pra que houvesse uma conversa franca e reservada entre eles. No tal
encontro, Kalume havia de modo grosseiro recebido esse amigo, e fez-lhe aos
gritos acusações de ordem política e
pesadas admoestações, e que, portanto, a
sua iniciativa conciliatória resultara em nada.
Jorge Kalume: ex-governador biônico do Acre, nomeado pela Ditadura Militar |
Em 2002, numa viagem
que fiz a Rio Branco para proferir palestra na Universidade Federal do Acre e lançar
meu livro Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental,
fui procurado pelo amigo Aroldo para conduzir certa encomenda da reitoria da
UFAC e, ao passar em Brasília, fazer sua entrega ao professor Áulio Gélio, ora
representante da universidade junto ao MEC. No aeroporto, o professor Áulio,
ex-reitor da UFAC, com quem sempre mantive boas e cordiais relações pessoais e
profissionais. Nesse rápido encontro, em
Brasília, Áulio então me contou que, em 1982, foi procurado por Kalume, e que
ele na oportunidade havia exigido minha demissão da universidade. Áulio
disse-me que havia a ele ponderado, alegando que eu era notoriamente
reconhecido como um dos bons professores da universidade, e nada existia que
desabonasse meu trabalho e minha conduta na instituição. Kalume disse-lhe que nada a tinha a conversar,
e que minha demissão era pra ser feita. Áulio disse-me que mudou de conversa,
não cumpriu a “ordem” e procurou evitar um novo encontro com o
senador, e ficou bem mais aliviado quando Kalume foi derrotado nas eleições para
o governo do Acre. Naquele momento, a
minha demissão da UFAC teria como consequência a abertura de uma lacuna
incontornável na minha formação e carreira acadêmica e, talvez, poderia até
provocar minha saída do Acre, por falta naturalmente de alternativa de
emprego. Ao professor Áulio Gélio, eu
fiquei a dever esse gesto de profundo apreço solidariedade, feito em silêncio,
anônimo e espontâneo como assim decerto devem proceder as pessoas que abonam e
dignificam pelo seu comportamento a condição humana. Vamos a então tal carta
que ora posto trinta anos depois da ocorrência dos fatos nela narrados,
naturalmente, com algumas correções que não alteram o seu inicial teor,
precedida pelo texto introdutório à matéria de lavra do redator-chefe do jornal
“O Rio Branco”, 31 de dezembro de 1982.
Na parte central da foto: Prof. Áulio Gélio, ex-reitor da Universidade Federal do Acre |
Ex-Delegado
cita Brecht e dá sua versão
Ao longo de 10 laudas
datilografadas, o ex-delegado do SESC mostra os antecedentes da crise
administrativa que se verificou na entidade, segundo ele, a partir de algumas
demissões, uma das quais, a do servidor "Chumbinho", o marcou
profundamente "pois o considerava meu amigo, havendo certa identidade de
ordem política e intelectual com o mesmo". A partir dessas demissões,
surgiram as denúncias que culminaram com a sua própria demissão e mais de dois
diretores: Miguel Ortiz e Luiz Alberto Barbosa.
Primeiramente
apresentadas ao Departamento Nacional do SESC, as denúncias, posteriormente,
ganharam conotações políticas e chegaram ao senador Jorge Kalume, numa reunião
no Palácio Rio Branco. Pedro Vicente Costa Sobrinho foi acusado de cometer
irregularidades administrativas, no primeiro caso, e de fazer pressões
políticas contra o PDS, no segundo. As acusações desaguaram num inquérito
aberto pela direção nacional do SESC.
Sobre o teor das
mesmas, diz Pedro Vicente: "É muito difícil reter na memória, com
detalhes, fatos de cuja lembrança fazemos questão de não preservar". Mesmo
assim, ele as enumera em parte, procurando mostrar o quanto eram infundadas.
Considerou-as "bisonhas" e de "um mau caratismo” tão acentuado, só podendo ser fruto de uma
mente mesquinha, burra e ingênua, um singular mentecapto”.
A
carta, na íntegra é a seguinte:
A partir dessas
demissões, os citados ex-servidores redigiram uma carta a Direção Nacional do
SESC denunciando-me e ao Gerente de Bem Estar, Sr. Miguel Angel Suarez Ortiz,
de procedimentos irregulares e desmandos na conduta administrativa do órgão no
Acre. Entre as denúncias de memória, posso citar: perseguição a servidores;
mau trato no relacionamento; autoritarismo; utilização de servidores em
serviços de ordem pessoal (Bar Casarão, quando de minha propriedade); uso
indevido do veículo do órgão etc. Acompanhava a denúncia um abaixo-assinado de
comerciários pedindo a readmissão dos dois.
A Direção Nacional,
todavia, não considerou, então, a denúncia; contudo, pediu-me para justificar o
pedido de demissão dos dois. Cabe realçar, todavia, que nunca foi inerente à
minha prática de trabalho, o exercício do "suposto dedurismo". Sempre
que demitia um funcionário, que foram poucos, fundamentava como
incompatibilidade com o trabalho, alegando mera rotina administrativa. Da mesma
maneira procedi no caso de Og e Chumbinho, relatando fatos plausíveis quanto ao
desligamento de um deles, e me negando enfaticamente a comentar o pedido do
desligamento do outro.
A partir daí,
considerei o assunto concluído, descartando qualquer possível repercussão, pois
as denúncias foram por mim consideradas sem fundamento, pois tinha a
consciência tranquila dos meus atos. Sempre que me excedi em qualquer atitude,
fui capaz de refletir e me dignar a reconhecer de público a injustiça
praticada, pois "agredir de público e pedir desculpas em particular"
é a prática notória dos insensatos. No entanto, para me resguardar de possível especulação quanto
a malversação de bens da entidade, que havia sido alegada na carta dos denunciantes,
pedi declarações de servidores, sem qualquer pressão, de que nunca foram
induzidos por mim à prática de atos desonestos ou de que me prestavam serviços
de qualquer natureza sem a devida remuneração. De todos os servidores
consultados, apenas um deles negou-se, isso por declarada incompatibilidade
comigo.
Na condução da suposta
"crise" eu reconheço que cometi vários erros, caracterizando assim a
minha falta de habilidade no trato de fatos que careciam de maior firmeza e
clareza de posição. Por exemplo, ao ser alertado de que o Gerente
Administrativo, Sr. Luiz Alberto Fernandes Barbosa, havia feito reuniões em sua
casa, com alguns servidores, para traçar estratégias de ação, cujo objetivo era
o meu afastamento do cargo de Delegado, não adotei as providências devidas.
Para cumprir compromissos assumidos com o SENAC, viajei a Manaus para ministrar
curso de Métodos e Técnicas de Pesquisa, no período de 15 a 20 de outubro,
mesmo desaconselhado por amigos de que não devia fazê-lo, pois a coisa era
mais séria por estar também relacionada com a disputa política e eleitoral ora
no estado.
Quando de minha volta a
Rio Branco, precisamente no dia 21 de outubro, fui informado sumariamente dos
fatos e de imediato procurei pessoas que considerava amigas, apesar de que com
algumas delas não mantinha maiores laços de convivência.
A primeira pessoa a
conversar foi com o Sr. Adonay Santos, pois sabia de suas relações de amizade
com o senador Jorge Kalume, e procurei relatar os fatos de que eu tinha ciência.
Surpreendeu-me, todavia, ao saber que o Sr. Adonay Santos conhecia com detalhes
os acontecimentos, ou seja: a) Que eu estava fazendo campanha contra o senador
Jorge Kalume; b) Que eu estava abrigando oposicionistas no SESC; c) Que eu
havia obrigado a uma servidora retirar uma camisa com alusões de propaganda do
PDS, especificamente com a marca do senador Jorge Kalume; d) Que eu proibi
pessoas de ir a comícios do PDS; e) Que eu estava perseguindo servidores; f)
Que eu estava roubando o SESC; g) Que
eu havia obrigado um servidor a ser Presidente do Diretório Municipal do PDT;
h) Que eu havia criado o PDT dentro do SESC, e outras acusações de menos
importância.
Na conversa com Adonay
Santos comentei alguns fatos, e pedi ao amigo que, se possível, informasse ao
senador Jorge Kalume que jamais utilizei o órgão para fazer campanha contra
ele, ressalvando, no entanto, que também jamais faria campanha para ele, pois
não concordava com os seus métodos e visão do mundo, e de que, enquanto eu
estivesse a frente do SESC, todos os seus servidores seriam livres e
desimpedidos para optarem abertamente pelas cores dos seus partidos, sem
exceção, sem que isso merecesse qualquer atenção ou interferência de minha
parte.
A outra pessoa a ser
procurada foi o Sr. Elias Mansour, Chefe da Casa Civil do Governo do Estado.
Elias foi muito claro em suas colocações, reafirmando de certo modo as
acusações já relatadas pelo Sr. Adonay Santos, e narrando mais algumas coisas,
cuja natureza mesquinha e intrigante era tão óbvia que deixo de registrar.
Os contatos políticos
dos servidores, cujos nomes, apesar de saber, excuso-me de nominá-los, resultaram
em ligação telefônica do senador Jorge Kalume para o Diretor-Geral do SESC e
telex ao Presidente da Confederação Nacional do Comércio. Do Governador
Joaquim Macedo, o senador Jorge Kalume exigiu igual procedimento.
Acusações de natureza
política, somadas a de malversação de bens, do uso de métodos não condizentes
com a "boa administração", e o favorecimento a pessoas formaram o
corolário natural que desaguou na Comissão designada pelo SESC Nacional para
apurar a veracidade dos fatos.
Para surpresa minha, o
somatório dos desvios e aplicações indevidas de recursos do órgão era de
aproximadamente Cr$ 90.000.00 (noventa mil cruzeiros), quando o meu salário de
Delegado Executivo era aproximadamente de 130 mil cruzeiros mensais. As
acusações eram tão bisonhas e ao mesmo tempo elas continham um mau caratismo
tão desregrado, só podendo ser fruto de uma mente mesquinha, burra e ingênua,
um singular mentecapto.
E muito difícil reter
na memória, com detalhes, fatos de cuja lembrança fazemos questão de não
preservar. Já dizia o sábio detetive Sherlock Holmes, personagem do escritor
Conan Doyle, de que só devemos guardar na mente informações que nos interessam.
Apesar de já ter esquecido parte das acusações, pois não pude reter cópias do
inquérito instaurado, já tendo inclusive requerido à Direção Nacional, sem
sucesso, o inteiro teor das denúncias, para resguardar possíveis insinuações
futuras. Faço enorme esforço para tornar público o que interessa: a) Pagamento
de certo valor a determinada pessoa, sem que ela houvesse prestado serviços ao
SESC, e nem sequer ser conhecida no órgão. Acusação refutada com declaração do
próprio punho da pessoa envolvida; b) Outra acusação, de igual natureza,
envolvendo a compra de quadro de um pintor acreano; foi refutada com a
apresentação do quadro do pintor afixado na Secretaria do Gabinete do Delegado;
c) Acusação de que foram pagos diversos recibos por serviços prestados a um tal
de Medeiros, que segundo as alegações era personagem fictícia, criada pelo
Delegado para embolsar recursos do órgão. Constatou-se que o tal
"Medeiros" tratava-se do conhecido desenhista "Branco", que
fazia serviços de ilustração de boletins e cartazes do SESC; d) Que alguns
cheques de serviços prestados foram depositados na conta do Delegado, no Banco
Itaú, caracterizando a apropriação indébita. Foi comprovado, pela Comissão, que
os cheques citados tiveram o endosso do denunciante, provando no mínimo
cumplicidade. A verdade é que nos dois casos citados, por atraso natural dos trâmites
burocráticos normais, e por certa urgência do prestador de serviço, ou mesmo de
quantia para cobrir certas despesas, o Delegado havia adiantado do próprio
bolso os valores, como ficou
soberbamente comprovado.
Há mais algumas
acusações de igual teor e monta, todas, no entanto, devidamente esclarecidas,
concluindo-se daí a quebra de certas normas de procedimento, mas nunca atitudes
lesivas aos recursos e bens do órgão.
A acusação de que
servidores prestaram serviços pessoais ao Delegado sem a devida remuneração,
foi refutada com declarações dos arrolados, e com os recibos assinados de que
haviam recebido o pagamento pelos referidos serviços.
Refutadas e respondidas
às acusações de uso indevido dos bens e recursos do órgão, me tranquilizei. A
alegação de ordem política recusou-me a responder, porque se tratavam de
mentiras deslavadas e coisas de pouca relevância.
Resta-me pedir que
avaliem honestamente o trabalho que realizei a frente do SESC. O apoio que
procurei dar a todas as iniciativas culturais. O relacionamento possível com a
imprensa e órgãos públicos, sem nunca esconder as suas reais e efetivas
participações no sucesso dos eventos. Também gostaria de realçar que sempre
procurei manter-me no anonimato, não vinculando através da imprensa o meu nome
ao SESC.
Concluindo, quero
afirmar que a verdade dos fatos é esta. É claro que algumas coisas de menos
valia foram omitidas por não serem relevantes, outras por aprofundarem feridas,
que por si só, no estágio atual, são difíceis de cicatrizarem.
Como fecho, transcrevo
trecho do artigo do cientista Rogério Cerqueira Leite: "... é notável como
ainda hoje, 60 anos após a descoberta do austrelopitecus, não foi assimilada,
mesmo marginalmente, as ambiguidades do dogma da primazia da inteligência, o
que é compreensível, pois se admitirmos que a postura é a essência do homem
encontraremos dificuldades conceituais ainda maiores. Como explicar essas
espécimes rastejantes e servis que abundam a humanidade? E esses exemplos
infames, mais próximos dos vermes do que dos grandes antropóides? A essência do
homo sapiens não é, por certo, a dignidade, pelo menos por enquanto".
Nota:
Ao ser postado neste blog a versão original sofreu algumas correções de linguagem
e adequações na sua estrutura expositiva. Nada, porém, que viesse a alterar o
conteúdo do texto que foi publicado no jornal “O Rio Branco”, no dia 31 de
dezembro de 1982.
Um comentário:
È costume de um tolo, quando erra, queixar-se do outro. É costume do sábio queixar de si mesmo.
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